sexta-feira, 31 de julho de 2009

Das ausências - Adrian Lincoln


Sempre a declaração sai perfeita para o próprio reflexo nos espelhos dos quartos vazios.
Sempre o discurso sai melhor para a platéia invisível que mora nas paredes e cujos aplausos são mudos.

De ausências, digo que precisamos.

Primeiro momento depois que o amigo foi embora e o céu que é ele se inicia em nós
Primeiro dia sem o corredor das escolas,
Primeiro toque que a mão quer e não encontra o que tocar
E é aí que a maquinaria da saudade funciona.

É da ausência do que sabemos que existe
Da ausência que já é em si a promessa da presença...
Que brotam os botões apertados da falta

Pois é apenas sem que desejamos estar com.

E ainda que toque o que realmente é doído
Ainda que seja triste por demais
Devo me perguntar:
Em quantos lugares estão agora minhas ausências?
Em quais lugares eu não estou?

Adrian Lincoln
http://recantodasletras.uol.com.br/poesiasdesaudade/1726820

2 comentários:

Luam disse...

soa como augusto dos anjos

Fergath disse...



roubou minhas palavras, Luam.