quinta-feira, 24 de março de 2016

Há sempre uma carroça cheia de arrependimentos e o asno sou eu,
Há os momentos que não fiz o que hoje teria feito espalhados pela minha rua,
Há a morte amanhã sepultando os planos passados, presentes, futuros.
Há a volta soturna e noturna do campeão de planos adiados,
Há o coração, tristíssimo relógio de tique taques também tristíssimos,
Há o infinito sentimento de ter tido e perdido algo também infinito.
Há a novidade perfumada e o medo da novidade perfumada,
Há o horror de conhecer,
Há o que não foi, o que não teve, o que poderia ter sido.
Há tanto nada,
Há tanto não,
Há tanto tempo.
Há sempre um carro fúnebre que passa pela minha rua, recolhendo todos os sonhos embrulhados em sacolas de lixo.
Há sempre o que eu gostaria que houvesse,
Mas não há.

(Adrian Clarindo)

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